Por Joaquim B. de Souza, Editor
Quinta-feira, 25/05/2017, 10h35 + notícias
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Brasília sob ataque
Foto: Reprodução/G1
Brasília viveu nessa quarta-feira (24/05) a confirmação de que o país está sob um regime de exceção quando se convoca o exército brasileiro para confrontar civis desarmados.
Historicamente os militares se apoderaram do poder por quatro oportunidades através de juntas militares. A convocação das forças armadas pelo presidente Michel Temer com desculpas de manter a ordem, reestabelece o regime de exceção onde as garantias democráticas se perdem pelas ilegitimidades.
Junta Militar de 1930
Constituída pelos Generais Menna Barreto e Tasso Fragoso e pelo Almirante Isaías de Noronha. Como Getúlio Vargas, líder vitorioso da Revolução, não pôde chegar a tempo no Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal, a Junta assumiu o governo entre 24 de outubro e 3 de novembro de 1930, quando Vargas assumiu a chefia do governo do país.
Junta Militar de 1961
Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, a Presidência da República foi assumida de direito pelo presidente da Câmara dos Deputados, deputado Ranieri Mazzilli, porém o poder de fato passou a ser exercido por uma junta militar encabeçada pelo marechal Odílio Denys, com o apoio do brigadeiro-do-ar Gabriel Grün Moss e do almirante Sílvio de Azevedo Heck.
Junta Militar de 1964
Na madrugada do dia 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o governo legalmente constituído de João Goulart. No dia 2 de abril, foi organizado o autodenominado "Comando Supremo da Revolução", composto por três membros: o brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo (Aeronáutica), o vice-almirante Augusto Rademaker (Marinha) e o general Artur da Costa e Silva, representante do Exército e homem-forte do triunvirato. Essa junta permaneceria no poder por duas semanas. A junta baixou um "Ato Institucional" – uma invenção do governo militar para justificar os atos de exceção que se seguiram. Esse golpe permaneceu por 21 anos levando o Brasil na maior escuridão nos porões militares com perseguições, prisões e mortes
Junta Militar de 1969
Constituída por Aurélio de Lira Tavares, Márcio de Sousa e Melo e Augusto Rademaker. Empossado em 15 de março 1967, o Marechal Artur da Costa e Silva inaugurou o período mais repressivo do Regime Militar radicalizando a política que culminaria com a decretação do AI-5 em 13 de dezembro de 1968 , ano das mais intensas manifestações contra o governo militar, sobretudo as oriundas do movimento estudantil. Devido problemas de saúde do presidente e para não permitir que o vice assumisse, bem como preservar do ideário do movimento militar de 1964 a "linha dura" do regime tomou em suas mãos as rédeas do processo político e já em 31 de agosto de 1969 tomou posse uma Junta Militar composta pelo General.
Ora, quando se percebe o despreparo, a ilegitimidade de um governo golpista, o Brasil está correndo risco sim de ter seu destino nas mãos de uma junta militar, encerrando de vez o processo de consolidação da democracia brasileira. Perde o povo brasileiro, perdem as instituições e perde o Brasil.