Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, é comemorado desde 1995, a partir do contexto dos festejos do tricentenário da morte de Zumbi dos Palmares (1655-1695). Este resistiu, bravamente, à escravidão.

Zumbi dos Palmares liderou um grupo de escravizados, que haviam fugido da prisão, conhecido como quilombo dos Palmares (1665-1695), a representação da maior luta em prol da cidadania, em detrimento das barbáries da escravidão. Detalhe: Antes o quilombo dos Palmares estava localizado na serra da Barriga, capitania de Pernambuco. Essa região, na atualidade, pertence ao município de União dos Palmares em Alagoas.

Imagem: Um abraço negro | APP-Sindicato

Pois bem, a passividade diante do opressor nunca foi uma característica dos negros. Lilia Schwarcz, historiadora e antropóloga, explica que os cuidados e dissimulação das manifestações religiosas africanas auxiliavam ao enfrentamento da violência do dia a dia. Essas condutas do passado permanecem vivas entre os afrodescendentes.

A “negociação” dos negros foi também uma estratégia de resistência ao cativeiro, mas, esgotadas as “negociações”, o confronto era inevitável. Marco Antonio de Oliveira, mestre em História da Educação e professor de História, salienta:

Essas atitudes de dissimulação, ontem como hoje, ao promoverem aparentes concessões à opressão e ações discriminatórias, atuam como elementos de afirmação dos direitos socialmente conquistados. Quando esgotadas as possibilidades de negociações, o confronto direto, as rupturas tornavam-se mais eminentes, como demonstram as seguidas revoltas escravas na história brasileira. O negro cativo tecia sua resistência com as armas possíveis, por vezes encoberto em aparente passividade, como ainda fazem seus descendentes nos guetos e periferias brasileiras.

Os movimentos negros resistem. Eles têm atuado na educação, por intermédio do acesso dos afrodescendentes às universidades. Lembremo-nos da conquista da Lei Federal 10.639/03, que determina a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas nacionais.

Os movimentos negros têm transmitido os valores da história e da cultura de sua etnia aos brasileiros. As manifestações do hip-hop, o ritmo agradável do berimbau, a capoeira, entre outros, são exemplos.

A demarcação das terras de remanescentes de quilombos, a punição à luz do Estatuto da Igualdade Racial por práticas racistas e discriminatórias são também conquistas dos movimentos negros.