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 Por Jorge A. de Queiroz e Silva
 Sexta-feira, 29/12/2017, 09h20
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Dom Paulo, o laborioso defensor dos direitos humanos

Imagem: Capa do livro Dom Paulo, Um homem amado e perseguido
Imagem: Capa do livro Dom Paulo, Um homem amado e perseguido

Tive a oportunidade de conhecer, em 1979, na Cúria Metropolitana de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, um sujeito comprometido com os direitos humanos e com os desafortunados.

Durante os 28 anos (1970-1998) que esteve no comando do arcebispado de São Paulo, viveu, intensamente, a essência do pensamento da pessoa de Jesus Cristo.

Entre as centenas de atributos de sua existência, enumero seis:

•  À luz da fé, estimulou o aumento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), com o intuito de aprofundar a leitura da Sagrada Escritura inserida à realidade social, política e à vida.

•  Persuadiu a direção do Vaticano a vender o Palácio Episcopal, por US$ 5 milhões, para adquirir 1.200 terrenos nos subúrbios, nos quais foram construídos centros comunitários onde foram aprofundados os conhecimentos dos direitos dos (das) cidadãos (ãs).

•  Uma semana após a morte do jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, reuniu, em 31 de outubro de 1975, sob ameaça da ditadura militar (1964-1985), oito mil pessoas na Catedral da Sé para ato ecumênico e denúncia do assassinato do citado jornalista nos porões da ditadura.

•  Foi a primeira autoridade máxima da Pontifícia da Universidade Católica (PUC), no Planeta, a nominar uma mulher reitora. Refiro-me a Nadir Kfouri, professora e assistente social, que atuou na PUC-SP. Arns pediu também a outra mulher, Margarida Genevois, socióloga, para lhe representar em solenidade oficial. Lembremo-nos de Nadir Kfouri e Margarida Genevois como exemplos de resistência e defensoras dos direitos humanos.

•  Inspirou Zilda Arns, sua irmã e médica, na criação da Pastoral da Criança.

•  Ganhou o prêmio de US$ 190 mil, no Japão, da Fundação Niwano Pela Paz, uma organização japonesa que fomenta entendimento e cooperação inter-religioso. Destinou esse capital para a construção da Catedral do Povo da Rua, onde pobres rezam e se alimentam.

Aos 14 de dezembro último foi relembrado um ano de falecimento de Dom Paulo. Evanize Sydow e Marilda Ferri, jornalistas, relançaram o livro Dom Paulo, um homem amado e perseguido, pela Editora Expressão Popular. Frei Betto, frade dominicano, escritor e teólogo, explicita:

Dom Paulo foi um pai, uma figura ímpar durante os anos da ditadura militar, um irmão que tomou a defesa das vítimas da ditadura, especialmente de nós, o grupo de Frades Dominicanos que esteve encarcerado durante quatro anos.

(...) É muito importante exaltar o testemunho de D. Paulo, para que as gerações atuais não repitam no futuro os erros do passado.

Que a leitura dessa biografia nos inspire na luta pela resistência contra governos que retiram direitos sociais.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva é historiador, palestrante, professor.


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