Inicio essa reflexão recordando que, em sala de aula na disciplina de Filosofia da Educação do curso de Pedagogia, em novembro de 1989, o professor e doutor em filosofia, respondendo a alguns questionamentos sobre a Queda do Muro de Berlin, exatamente naquele momento, proferiu que a partir desse ponto começaria daí a operacionalização da classe de professores.
Certamente, alguém perguntou "o que é isso?" Uma resposta simples e direta ecoou na sala de aula. Vocês deixarão de ser "professores" para se tornarem "operários" da educação. Não foi preciso explicar, isso todos entenderam. Entretanto, o que o Muro de Berlin tinha de tão influente na educação brasileira?
Alguns paradigmas da educação começariam a ser rompidos dentro daquele mesmo contexto, como exemplo, as teorias de Lev Vygotsky que passariam a fazer parte do calendário educacional brasileiro. Portanto, outras correntes além da burocrática teoria de Anísio Teixeira com influência americana.
Por exemplo, a teoria de Vygotsky parte do pressuposto de que o "desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida". Ou seja, o ser é construído interagindo com seu meio se tornando intelectualmente pensante e se humanizando.
Por outro lado, para Anísio Teixeira, sua teoria partia do pressuposto de que o desenvolvimento do intelecto da criança se dá preferencialmente pela memorização. Ou seja, o "decoreba" se tornando intelectualmente reprodutiva.
Desta maneira, um ser pensante e outro reprodutivo, o modelo econômico baseado na expropriação capital-trabalho claramente tem preferência pelo ser reprodutivo. Eis, portanto, o grande conflito do que ensinar às crianças que são inseridas no contexto educacional formal cada vez mais cedo. Fato que pode ser confirmado pela Emenda Constitucional nº 59.
A educação se tornou um "problema" para os gestores educacionais nos municípios e nos estados (por hora excluo o federal). O que deveria ser o alicerce da sociedade tão proferido nos discursos políticos passou a ser um pesadelo para os gestores públicos. Pois, a classe passaria a buscar seus direitos lutando por eles, reivindicando, paralisando, fazendo greve, enfrentando os seus patrões, sejam eles, prefeitos ou governadores.
A politização da educação passou também a ser outro grande problema. O gestor público influencia política e diretamente na administração da escola, doutrinando, gerenciando, impondo condições e regras para diretores de escolas, chefes de núcleos de educação; e aos professores restando a "mortadela do sanduiche", pressionado pelo seu gestor (prefeito ou governador), por outro lado, pelos pais que esperam da escola uma educação de qualidade para seus filhos. Sem poder pensar, o professor passa ter apenas o seu quadrado, a sala de aula para mediar o processo de aprendizagem dos conteúdos.
Exemplo de como governantes têm tratado os profissionais de educação como sua inimiga foi o episódio ocorrido em abril de 2015, em Curitiba, quando o governador do Estado, Beto Richa (PSDB) autorizou o comando da polícia militar a dispersar o movimento pacífico dos professores com violência usando gás lacrimogênio, cães, bala de borracha, ferindo mais de duzentos cidadãos participantes do movimento .