Geralmente, os livros são escritos do ponto de vista dos adultos, mas o autor desta obra inovou nesse aspecto: toda a narrativa é do ponto de vista da criança.
O autor oferece a leitura deste singelo livro, JÚLIA E JOSÉ, Luzes na Eternidade, escrito sob uma narrativa bucólica, sem se esmerar por linhas editoriais rígidas, com o intuito de proporcionar entretenimento e o avivamento de uma época. Portanto, o objetivo incutido na obra é mostrar lembranças de um período em que o ser humano vivia intensamente, mas sem entender o mundo externo, era deveras, introspectivo e subjetivo em seus conhecimentos.
Nesse tempo se confundiam espírito e realidade, pois a Igreja era o grande baluarte de condução. Época sem televisão, sem celulares, sem redes sociais. A falta dessa compreensão faz do sujeito mergulhar ainda mais no contexto de suas ações. Mesmo que essas lembranças sejam truncadas, toscas, mas foi a partir dessa visão e do olhar de uma criança, que se tornou possível resgatar uma época.
Geralmente, as crianças são preteridas do mundo que as cerca. Pois, os cuidados de seus entes são para ter certeza de que está tudo bem com o rebento. Entretanto, o que a criança pensa, o que ela está vendo, percebendo, o que ela quer ser quando crescer parece não importar aos adultos. Toda a história, portanto, é narrada levando em conta o mundo das crianças. Assim, o mesmo diálogo ouvido por uma criança pode ter conotações diferentes quando essa criança se tornar adulta.
A leitura pode ser estimulante e desencadear o desejo de conhecer a história a partir de uma infância, de como uma criança vê o mundo adulto a sua volta. Ainda mais se for sob um olhar especial para cada assunto, retratado em seus relatos pessoais, cheios de emoção e significados, mesmo com a grande chance de equívocos e ideias fantasiosas.
O livro reúne depoimentos pessoais do autor, diferentes, vivenciados da tenra idade. O livro em si é sua vida mesclada à ficção sob o julgo das fantasias e a severidade dos adultos. O tema principal é visualizar um mundo oposto do atual e demonstrar a necessidade de se registrar uma história de uma época e de um povo mesmo sendo com o propósito de preservar unicamente a memória; Por isso, a importância em se valorizar a cultura local e despertar o interesse da comunidade pela sua cultura. O seu mundo foi construído a partir de outros mundos que o circundavam. Mas pergunto, onde está toda aquela gente? Do que foi feito de seus sonhos? Certo é que aquele passado não existe mais, sequer habitado o maravilhoso rincão de outrora, o Araripa.
A proposta busca ainda oferecer ao leitor novas possibilidades em compreender o que levou aquela gente toda, há muitos anos, escolherem aquele local para viver e fixar sua família, completar seus sonhos. O que havia ali, quais os sonhos, os projetos, as possibilidades disponíveis nessa localidade? Os relatos aqui reunidos trazem características pessoais de cada espaço temporal, fato este que denominou a história de cada um desses períodos dando a cada relato, um título personalizado, batizado pelo autor, considerando o conjunto das características desses fatos.
Boa leitura!
“Os Covardes nunca tentam, os fracassados nunca terminam, os vencedores nunca desistem”
Norman Vincent Peale