Foto: Erna Solberg, primeira-ministra da Noruega, disse ao presidente Temer: "Estamos muito preocupados
com a Lava Jato. É importante fazer uma limpeza."
Michel Temer, o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, tem contribuído, e muito, para que nós, brasileiros e brasileiras, passemos vergonha. Na semana que passou, Temer esteve na Rússia e Noruega e colecionou situações desastrosas.
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Erna Solberg, a primeira-ministra da Noruega, comentou com Temer a respeito da corrupção no Brasil: "Estamos muito preocupados com a Lava Jato. É importante fazer uma limpeza." Lembremo-nos que Temer é alvo de denúncia por corrupção na própria Operação Lava Jato, ou seja, Erna Solberg atingiu (creio não intencionalmente) a veia de Temer. Detalhe: a Noruega está entre os países com menor índice de corrupção do Planeta.
O governo norueguês, ainda, cortou pela metade as doações que realiza ao fundo de preservação da Amazônia por causa do aumento do desmatamento da floresta. Questionado sobre essa desfaçatez, Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente, afirmou que “só Deus” pode garantir que recue o desmatamento.
Na Rússia, Temer foi mal acolhido ao participar da solenidade para depositar flores no túmulo do soldado desconhecido. Em meio ao silêncio que a cerimônia exigia, um grito de “Fora Temer”.
No coquetel organizado pela embaixada brasileira, em Moscou, para recepcionar Temer, compareceu ao evento somente metade dos convidados, o que caracteriza desprestígio do presidente.
E no Brasil? No último sábado, 24, o Datafolha divulgou que somente 7% da população brasileira considera o governo Temer bom ou ótimo. É o menor índice de aceitação a um presidente nos últimos 28 anos.
Na sexta-feira passada, 23, a Polícia Federal concluiu não ter havido edição na gravação da conversa entre Joesley Batista, dono da JBS, e Temer, em 7 de março no Palácio do Jaburu. Nessa gravação, o presidente Michel Temer dá aval à compra do silêncio de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e deputado cassado, detido desde outubro no Complexo Médico-Penal (CMP), em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
Mas Temer também foi derrotado no Senado. A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) rejeitou, por 10 a 9, o parecer favorável às alterações propostas nas leis trabalhistas. O colegiado aprovou o texto alternativo de Paulo Paim, senador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio Grande do Sul, que indicava a rejeição plena da reforma.
Vive-se uma instabilidade política e social, com 14.048 milhões de pessoas desempregadas, um aumento de 2,6 milhões de novos (as) desempregados (as), no primeiro ano de mandato do governo Temer, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Aliás, não é à toa que as centrais sindicais estão se mobilizando para o dia 30 de junho, sexta-feira próxima, com o slogan “parar o pais”. Essas entidades repudiam, veementemente, com respaldo da maioria da população, as propostas do governo Temer para alterar a legislação trabalhista e previdenciária. Ubiraci Dantas de Oliveira, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), explica: "Na nossa opinião, o governo Temer está caindo pelas tabelas. A pressão se faz na medida em que as ruas gritam."
Jorge Antonio de Queiroz e Silva é historiador, palestrante, professor.