Crédito da charge: Blog My way
Na semana passada, Roberto Faria Machado, professor de matemática, me encaminhou a seguinte mensagem pelo WhatsApp: “Escreva um artigo exaltando a imparcialidade do jornalista Reinaldo Azevedo.”
Listen to "Reinaldo Azevedo e a parcialidade (Texto do prof. Jorge Queiroz)" on Spreaker.
É certo que ao mencionar imparcialidade do jornalista, o nobre colega Roberto utiliza a ironia.
Sabe-se que Reinado Azevedo é um dos ícones da crônica politica brasileira. Aliás, a meu ver, esse sucesso é incompreensível.
Azevedo combateu, continuadamente, o Partido dos Trabalhadores (PT) durante os 14 anos em que esteve no poder.
No entanto, Michel Temer vem recebendo contínuos elogios do distinto jornalista. Ora, somente 7% da população brasileira considera o governo Temer bom ou ótimo. É o menor índice de aceitação a um presidente nos últimos 28 anos, conforme informação divulgada pelo Datafolha no dia 24, último sábado de junho.
E a Time, revista norte-americana? Elegeu Temer como um dos cinco líderes mais impopulares do mundo. Além de mencionar as dificuldades econômicas brasileiras, a revista Time, de 23 de maio, aborda o provável envolvimento do presidente em suborno:
Seguir uma presidente que sofreu impeachment deveria ser fácil; o nível de exigência estava baixo. Mas o presidente brasileiro, cuja aprovação está em um dígito, descobriu que suceder Dilma Rousseff não foi um passeio no parque.
(...) O político veterano agora se agarra ao cargo depois que gravações o mostraram aparentemente negociando pagamento de suborno para silenciar um colega político corrupto. Ele pode em breve ser o segundo presidente brasileiro consecutivo que sofre um impeachment, graças a ligações com o escândalo da Lava-Jato.
Mas Reinaldo Azevedo não se cansa de elogiar e enaltecer a figura do presidente. Rogerio Waldrigues Galindo, da coluna Caixa Zero do jornal Gazeta do Povo, desabafa:
(...) A desgraça toda da história não para no trabalho chapa-branca de Azevedo. Começa lá atrás, quando uma história exatamente igual certamente teria levado o mesmo jornalista a estrilar e pedir a cabeça da presidente. Porque Azevedo não está nem aí para os fatos, nem para a legalidade, como sempre diz. Desde o princípio foi um panfletário, interessado unicamente em levar o PSDB ao poder. E que entrou em pânico ao ver que o antipetismo que ajudou a gerar criou figuras muito mais à direita do que ele que agora não se contentam com os tucanos – e querem o extremismo derrubando Temer.
(...) Azevedo virou uma figura patética a partir do momento em que começou a dizer que a Lava Jato, antes tão elogiada por ele, não podia transformar o Brasil numa grande delegacia (ou seja, seguir investigando governantes agora que seu povo tinha chegado lá). Comprou briga com o que ele chama de “direita xucra” (e que é, de fato, uma bela definição), mas não por ser xucra, e sim por estar indo contra seu interesse partidário.
Diante dessas informações, qual o papel do (da) jornalista como pessoa responsável pela construção da informação, um instrumento de poder, no imaginário social?
A formação do (da) jornalista deve começar pelo trabalho do (da) educador (a), em sala de aula, por intermédio das coesões das posturas, ou seja, harmonia entre o discurso e a prática. Será que a maioria dos (das) educadores (as) tem formação para essa proeza? Será que a maioria da classe política tem interesse nessa formação ética?
Jorge Antonio de Queiroz e Silva é historiador, palestrante, professor.